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terça-feira, 28 de junho de 2016

Onde passam os aviões?

Lucas olhava o pai deitado dentro daquela caixa, com uma roupa muito bonita e um rosto que parecia estar em paz. Porem por mais que ele chamasse o pai não lhe respondia. A mãe sorria toda vez que ele olhava para ela, mas ele percebia pelos olhos inchados que ela não estava feliz. Ele puxou a mãe pela blusa que se abaixou para que o menino pudesse lhe falar ao ouvido:
                - Mãe porque o papai não se meche? – a mãe desatou em choro e o abraçou.
                - Seu pai foi morar com Jesus meu amor. Lá no céu.
                - Onde passam os aviões? – perguntou o menino curioso.
                - Mais para cima meu filho. – a mãe tentou levantar, mas Lucas a puxou novamente e lhe falou ao ouvido.
                - Mas mãe porque o papai não nos levou junto? Ele não nos ama mais? – a mãe o abraçou forte e chorou como nunca tinha chorado na vida.
                Lucas tinha ouvido a avó falar que um cara mal tinha vindo e tirado a vida do seu pai, mas nisso ele não podia acreditar, como alguém tiraria a vida do seu pai? Ele fazia piadas e brincava com ele e seu irmão todos os dias quando voltava do trabalho. E era impossível não gostar do seu pai, afinal ele era o homem mais inteligente que ele conhecia, às vezes ele ficava bravo com o trabalho, mas Lucas sabia que era culpa das pessoas que trabalhavam com o pai que não faziam suas tarefas direito, afinal um homem tão inteligente como o seu pai não erra.
                Um homem vestido com uma roupa parecida com a de seu pai se aproximou do caixão, e começou a falar em Deus, e cada vez que aquele homem falava as pessoas começavam a chorar mais. Lucas com apenas 6 anos começou a perceber que o pai não voltaria mais para casa. Seu coração se encheu de tristeza. Quem iria ao futebol com ele no sábado à tarde? Quem brincaria todo dia com ele depois do trabalho? Quem lhe confortaria nos momentos de angustia? Lucas não sabia bem o que estava acontecendo, mas o peito começou a apertar e as lagrimas caiam sem controle. O menino saiu correndo e se abraçou ao corpo do pai. Não queria lhe deixar partir. Quem sabe o pai acordasse com seu abraço e revela-se que aquilo tudo não passou de uma pegadinha de mau gosto. Entretanto ele não acordou, e Lucas começou a gritar o mais alto que pode, o pai teria que lhe ouvir. O avô o pegou no colo.
                - Lucas meu querido seu pai foi morar com Jesus, lá no céu.
                - Mas ele não podia me deixar vovô. – O menino chorava descontroladamente, o avô o colocou sentado numa cadeira.
                - Fique aqui meu querido, vou buscar uma água para você. – Lucas não se conformava com a idéia de nunca mais ver o pai. Um homem alto, com a expressão seria, mas tranqüila sentou-se ao lado de Lucas.
                - Eu posso me sentar aqui? – o menino apenas assentiu com a cabeça. – Seu pai era um homem fantástico Lucas, você devia se orgulhar muito dele.
                - Ele era o melhor pai do mundo. Você o conhecia? – disse o menino limpando o rosto, o homem lhe ofereceu um lenço que ele aceitou.
                - Sim. Desde criança e você é muito parecido com ele.
                - O senhor deve ser um homem muito velho para conhecer ele desde criança. – o homem riu.
                - Eu conheço todos Lucas. Sei seus desejos e aflições. Você tem um futuro incrível pela frente, seu pai vai ter muito orgulho do homem que você irá se tornar, e tenha certeza que ele estará acompanhando cada passo seu lá de cima. – o menino o fitava, o homem pegou a mão de Lucas e levou até seu coração – Seu pai estará sempre vivo aqui dentro Lucas enquanto o seu amor por ele existir, e amor entre pais e filhos é o mais verdadeiro que existe.
                - Então meu pai vai estar para sempre aqui?
                - Sim Lucas. Pois o amor dele por você era muito forte, como o seu por ele. Deus nunca lhe deixara desamparado meu irmão.
                - Você é um anjo? – Lucas perguntou fascinado com as palavras daquele homem.
                - Com quem você esta falando Lucas? – pergunta o avô que tinha voltado com o copo da água. – quando Lucas foi responder o homem piscou para ele e saiu pela porta, Lucas sorriu e acenou para o homem que antes de partir acenou de volta.
                Lucas não respondeu ao avô mais algo dentro dele tinha mudado naquele momento, ele sabia que Deus iria cuidar de seu pai assim como iria cuidar dele. E seu coração que estava repleto de angustia naquele momento se acalmou. 
Foto: retirada da internet


sábado, 4 de junho de 2016

SOMOS TODOS HUMANOS

      Com os acontecimentos dos últimos dias comecei a me questionar sobre a segurança publica do nosso país, sobre o medo que temos de sair na rua sozinhos, principalmente nos mulheres, e isso não é defender e nem julgar o feminismo, todavia isso é uma realidade que todas as mulheres sofrem. Talvez por a mulher ser mais frágil fisicamente ela acaba se tornando uma presa fácil para os marginais. Vi rodando muito nas redes sociais a seguinte frase “fim a cultura do estupro”, mas o que seria a cultura do estupro?
      Segundo dados do 9° Fórum de Segurança Publica o numero de casos de estupro oficias caiu 7% no Brasil em 2014; entretanto uma pessoa ainda é abusada sexualmente a cada 11 minutos no Brasil, e essas estatísticas são alarmantes! Sem falar nos outros tipos de violência que existem; como roubo, agressão etc. Toda mulher alguma vez já sentiu um frio na nuca quando se deparou sozinha na rua e aparece apenas um individuo que não tirava os olhos dela, talvez seja até coisa da nossa cabeça com medo de todas essas coisas ruins que acontecem por ai, mas o que não se pode negar é que esse medo existe e se tem motivos para que ele exista afinal o perigo é real. Antes que alguém se ofenda não estou aqui afirmando que todos os homens são possíveis estupradores porque isso é ridículo, não se pode chamar esse tipo de seres de homens, homem de verdade não faz esse tipo de coisa.
      Toda mulher gosta de ser elogiada, todas as pessoas gostam afinal isso aumenta nosso alto estima, mas vejo muita diferença em alguém passar e lhe chamar de linda e alguém passar e lhe olhar com aquele olhar como se fosse te devorar e lhe dizer algo grotesco, esse tipo de coisa não é elogio isso nos faz ter nojo e muitas vezes até medo. Entretanto culturalmente esse tipo de pratica é comum, não estou aqui dizendo que todos os homens a cometem, mas aos olhos da maioria das pessoas esse tipo de coisa é comum porque já se tornou normal. Fiquei me questionando o que seria essa tal “cultura do estupro”; eu particularmente não gosto de usar roupas decotadas, mas poderia usar se sentisse vontade, e essa liberdade nos foi tirada, porque muitas pessoas não usam determinadas roupas para não serem rotuladas. E isso não acontece apenas no mundo feminino, os homens bem sabem que se não estiverem com a roupa que a moda atual exigir irão receber olhares de menos prezo de muitas pessoas, principalmente do publico feminino.
      Acho tão triste essa nossa realidade. Temos medo de sair de casa, enquanto os marginas são donos do mundo e podem andar por onde quiserem, e mais triste ainda quando vejo pessoas que querem o bem comum se atacando por ideologias que muitas vezes servem apenas para nos afastarmos um dos outros. Eu não quero mais segurança para a mulher, eu quero mais segurança para todos os seres humanos. Não quero mais ter que abrir o jornal e ver que mais uma mulher foi abusada e que mais um comerciante foi morto. Eu quero ver mais gente defendo a liberdade, a segurança de todos os seres humanos; homens mulheres e crianças. Eu quero poder voltar da academia a noite sem ter medo de que alguém vá me atacar, eu quero que meu filho possa brincar na rua sem ter medo que alguém o sequestre, quero que meu marido saia para trabalhar de manhã cedo sem que alguém o assalte no portão da nossa casa. Quero que sejamos menos “feministas”, menos “machistas”, menos qualquer outro rotulo criado para nos separar e que sejamos MAIS HUMANOS.
Foto: retirada da internet