Já estava desanimado. Passei num super mercado para comprar um energético, há alguns dias não dormia direito, as contas estavam aumentando e as vendas paradas. Morava sozinho desde meus 20 anos, tinha me divorciado a 6 meses, minha ex-mulher e minha filha tinha ido morar no exterior, os pais da minha ex-mulher eram Italianos, ela e minha filha foram morar para Itália assim que decidimos que nosso casamento não dava mais certo. Um homem na casa dos 40 anos separado, longe da família – meus pais moravam no Rio de Janeiro, quando me casei vim morar para o Rio Grande do Sul – e ainda por cima sem emprego, seria muito difícil achar alguém para esquentar os pés à noite. Entrei no mercado e em frente ao freezer de bebidas estava ela, parada com uma cestinha vermelha na mão. Fazia muito tempo que eu não via um mulher tão bonita, pela feição do rosto e por sua estatura ela não deveria ter mais de 22 anos. Aproximei-me para escolher qual energético iria pegar e ela nem se mexeu. Eu tinha que falar com aquela mulher, se não me arrependeria amargamente.
- Ola. – ela olhou para mim e aqueles olhos azuis feito o céu me deixaram perplexo. – Desculpe, mas acho que lhe conheço de algum lugar – menti, ela sorriu.
- Talvez. Conheço muitos homens. Trabalho em uma loja de carros aqui perto.
- Claro. Estou querendo trocar de carro, passei em varias lojas de veículos procurando um de meu agrado. – menti.
Ela me explicou onde ficava a loja que trabalhava e me convidou para olhar os carros que tinha se despediu e partiu. Aquele rosto não sairia da minha mente tão cedo. Decidi passar na frente do estabelecimento, e lá estava ela conversando com um rapaz, deveria ser algum cliente, esbanjando aquele sorriso lindo que tinha. Olhei para a fachada e lá estava o numero bem grande, eu tinha que ligar, tinha que tentar. Ela atendeu com aquela voz doce:
- Ola. Encontramos-nos agora pouco no mercado, sou eu Mauricio. – ela ficou em silencio – desculpe o inconveniente, mas eu achei você muito querida e bonita e pensei que talvez poderia pedir seu numero, para que posamos conversar. – ela continuou em silencio. – Desculpe minha ousadia, não sei se você tem namorado...
- Eu sou noiva. Olha desculpe se você entendeu as coisas desse jeito, lhe convidei para vir até aqui porque você disse que estava interessado em trocar de carro...
- Claro eu entendo. Desculpe o incomodo. – Desliguei. Claro que ela tinha noivo, como uma mulher tão bonita daquelas estaria sozinha? Senti-me um pouco idiota, ela tinha sido apenas educada e já fiquei imaginando coisas, mas mulheres bonitas e simpáticas têm o dom de mexer com nossas cabeças. Apaguei o numero do meu celular e segui viajem, tinha que vender alguns perfumes.
Foto: Luana Damo
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