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domingo, 17 de julho de 2016

ENCONTRO INESPERADO

              Quando comecei a trabalhar como representante comercial de perfumes achei que ficaria rico, afinal cosmético esta sempre com as vendas em alta. Entretanto eu estava enganado. É difícil lançar uma marca nova no mercado quando as pessoas já têm suas “queridinhas”. Eu fiz de tudo. Levei presentes, fiz piadas sem graça, defendi um partido político – quase me filiei em um. Mas nada adiantou minhas vendas não melhoraram. Algumas donas de loja compravam, acredito que por minha tamanha insistência, um exemplar que eu sabia que seria jogado num canto ou dado a alguma funcionaria. As pessoas não se davam nem o trabalho de experimentar o perfume, e as desculpas eram sempre as mesmas “as vendas estão fracas para investir em uma nova marca”, “as vendas diminuíram, mas quando aumentarem podemos conversar”. 
                Já estava desanimado. Passei num super mercado para comprar um energético, há alguns dias não dormia direito, as contas estavam aumentando e as vendas paradas. Morava sozinho desde meus 20 anos, tinha me divorciado a 6 meses, minha ex-mulher e minha filha tinha ido morar no exterior, os pais da minha ex-mulher eram Italianos, ela e minha filha foram morar para Itália assim que decidimos que nosso casamento não dava mais certo. Um homem na casa dos 40 anos separado, longe da família – meus pais moravam no Rio de Janeiro, quando me casei vim morar para o Rio Grande do Sul – e ainda por cima sem emprego, seria muito difícil achar alguém para esquentar os pés à noite. Entrei no mercado e em frente ao freezer de bebidas estava ela, parada com uma cestinha vermelha na mão. Fazia muito tempo que eu não via um mulher tão bonita, pela feição do rosto e por sua estatura ela não deveria ter mais de 22 anos. Aproximei-me para escolher qual energético iria pegar e ela nem se mexeu. Eu tinha que falar com aquela mulher, se não me arrependeria amargamente.
                - Ola. – ela olhou para mim e aqueles olhos azuis feito o céu me deixaram perplexo. – Desculpe, mas acho que lhe conheço de algum lugar – menti, ela sorriu.
                - Talvez. Conheço muitos homens. Trabalho em uma loja de carros aqui perto.
                - Claro. Estou querendo trocar de carro, passei em varias lojas de veículos procurando um de meu agrado. – menti.
                Ela me explicou onde ficava a loja que trabalhava e me convidou para olhar os carros que tinha se despediu e partiu. Aquele rosto não sairia da minha mente tão cedo. Decidi passar na frente do estabelecimento, e lá estava ela conversando com um rapaz, deveria ser algum cliente, esbanjando aquele sorriso lindo que tinha. Olhei para a fachada e lá estava o numero bem grande, eu tinha que ligar, tinha que tentar. Ela atendeu com aquela voz doce:
                - Ola. Encontramos-nos agora pouco no mercado, sou eu Mauricio. – ela ficou em silencio – desculpe o inconveniente, mas eu achei você muito querida e bonita e pensei que talvez poderia pedir seu numero, para que posamos conversar. – ela continuou em silencio. – Desculpe minha ousadia, não sei se você tem namorado...
                - Eu sou noiva. Olha desculpe se você entendeu as coisas desse jeito, lhe convidei para vir até aqui porque você disse que estava interessado em trocar de carro...
                - Claro eu entendo. Desculpe o incomodo. – Desliguei. Claro que ela tinha noivo, como uma mulher tão bonita daquelas estaria sozinha? Senti-me um pouco idiota, ela tinha sido apenas educada e já fiquei imaginando coisas, mas mulheres bonitas e simpáticas têm o dom de mexer com nossas cabeças. Apaguei o numero do meu celular e segui viajem, tinha que vender alguns perfumes.
 Foto: Luana Damo

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