O VALOR DAS PESSOAS

 - Se eu tenho preço? É claro que eu tenho. Mas não é barato.

 - E qual é seu preço?

 - Eu me vendo por abraços sinceros, sorrisos de carinho, paixão de verdade, não essas migalhas que as pessoas tentam nos fazer engolir nas redes sociais. Vendo-me pela intensidade e pela verdade das coisas e acredite esse tipo de coisa é mais rara que ouro hoje em dia.

 - Mas você não se importa com o que a pessoa tem, com o que ela pode lhe oferecer?

 - E como não vou me interessar quando alguém me oferece amor de verdade? Sabe aquele amor que vemos em series de televisão e achamos que nunca ira acontecer nas nossas vidas? Como não ter interesse em algo tão raro como o amor?

 - Mas então você acha que vivemos de amor?

 - Eu acho. Porque quando amamos fazemos tudo para que a pessoa a qual direcionamos esse sentimento se sinta bem. Você quer se formar na faculdade para ver o sorriso de orgulho dele quando te ver com o diploma na mão, quer ter um bom emprego para poder comprar aquele perfume caro que você sabe que ele adora. E se não fosse amor talvez nada disso importasse tanto. 

 - E se ele te trair ainda vai amá-lo?

 - Vou. Afinal amor não se escolhe, ele acontece. Isso apenas vai provar que ele não me ama.

 - Você não tem medo que brinquem com teus sentimentos?

 - Você não tem medo de ser atropelado quando atravessa a rua? Ou ser atingido por uma bala perdida? Afinal de contas nosso país esta cada vez mais perigoso. A vida é feita de riscos e são esses riscos que diferenciam as pessoas que vivem daquelas que apenas existem.

 - Não sei como consegue ser assim, tão confiante dos teus sentimentos. Às vezes tenho até vergonha de dizer para os meus pais que eu os amo.

 - Pois não devia. Não sabemos o dia de amanhã, e talvez amanhã eles não estejam mais aqui, talvez você não esteja mais, essa pode ser a ultima vez que conversamos.
 - Credo Alana, não fala uma coisa dessas.
 - E porque não? Eu tenho leucemia Marcos, amanhã posso não estar mais aqui. Por isso digo para os meus pais todas as vezes que eles vêm me visitar o quanto os amo. Eu te amo também Marcos, por isso acho que não devia perder seu tempo comigo.
                Alana era tão cheia de vida quando a conheci que não conseguia acreditar que ela estava ali debilitada em cima de uma cama. Sempre fazíamos esses questionários, isso a deixava feliz, adorava falar sobre sentimentos e como amava o mundo. Não me lembro de ter visto ela reclamado por estar naquela situação, ela apenas “aceitava” que aquela era sua vida. Dei-lhe um beijo na testa e parti. Nunca chegamos a namorar, mas ficávamos quando ela descobriu a doença, eu ia visitá-la todos os dias, e nem uma garota mais me interessava além dela. Eu sabia que seu tempo na terra era curto, ela sabia, o medico já tinha lhe dito. O meu maior arrependimento seria nunca ter dito a ela o quanto a amava, mas ficava sem palavras todas as vezes que entrava no quarto e via aquele lindo sorriso olhando pra mim. Não importa quanto tempo ela fosse viver eu sabia que ela sempre estaria viva dentro de mim.
 - Marcos. – ela me chamou antes que eu saísse. – Me promete que vai dizer para os seus pais o quanto os ama?
 - Prometo. – eu sorri, e parti.